O documento
Aconteceu há anos. Era um dia normal, a rotina do dia a dia precedia aquela tarde em que eu estava no estacionamento dos meus pais, à toa, esperando que desse a hora de ir embora. Então, algo acontece e meu pai teve que ir resolver mais uma complicação originada pelo simples fato de ser um adulto obrigatoriamente compromissado. Nisso, fui alertada: ''só pegue o dinheiro e dê o troco'', e meu pai se foi rumo ao seu destino enquanto teve que me deixar recebendo carros.
Não deixou de ser momento algum mais um dia comum, até que um senhor qualquer aparecesse. Ele tinha um documento em mãos e em seguida me pedira para plastificá-lo. Não pensei em recusar, pois sabia que lá havia uma máquina capaz de plastificar documentos e como eu já havia visto meu pai usando-a, e a simplicidade disso tudo, logo, não recusei se não estaria deixando de ganhar uns trocados por ''conta própria''. Não havia segredo naquela máquina, era apenas por o documento de um lado e do outro sairia plastificado.
Peguei o tal documento. Algo que nunca esquecerei era o sorriso do senhor diante aquele documento; não era um simples documento, deduzi isso pelo tamanho de seu sorriso. Então tratei de manuseia-lo com cuidado e por na máquina. Botei, estava fazendo de acordo com o manual de instruções qual nunca li, exceto por um detalhe; A máquina necessitava estar quente antes que pudesse por quaisquer papel, para que funcionasse corretamente.
Eu não estaria contando isso se não tivesse acontecido nada, pois seria enfadonho dizer que o documento saíra perfeitamente plastificado e que o senhor poderia manter seu grande sorriso. O documento saiu, perfeitamente amassado,emaranhado e destroçado, chegou a engatar na máquina e eu ter que puxá-lo, rasgando-o mais. Enfim, com o que um dia foi um documento em mãos, fui de encontro ao senhor cujo olhos iam de encontro ao documento e, sutilmente, vi o seu sorriso desaparecer. Não tive desculpas para pronunciar. Me postei em frente ao senhor somente para ouvir.
''-Você é louca?!''
Recolheu o documento e foi embora após dizer tais palavras. Palavras que me bastaram, que me descreveram perfeitamente naquela tarde.
Nesse dia aprendi a mexer apenas com o que eu conhecer e souber usar na íntegra e creio que nesse dia, o senhor aprendeu a não confiar em qualquer um com uma máquina de plastificação e também a não se prender a bens materiais importantes...
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